Skip to content Skip to footer

Bike Rígida ou Full? Qual escolher?

A resposta a esta questão não é assim tão simples. Dependerá do atleta, do objectivo e também das bicicletas que estamos a falar. Por esta razão é que existe as duas opções no mercado.

Tive a minha primeira BTT há 23 anos, em 1993. Uma CATS de alumínio rígida. Foi nessa altura que começaram a aparecer as primeiras FS. Gary Fisher RS-1, Proflex,… Mas a sua eficiência estava muito longe de ser aceitável.

Só 13 anos mais tarde, em 2006 é que apostei numa suspensão total. Um Trek Fuel, de alumínio, com cerca de 14,5kg. Pesada demais para ser competitiva, mas já com uma eficácia e conforto mais que suficientes para nos aventurarmos em desafios mais exigentes, desde que não fossem competitivos.

Na altura já havia modelos em carbono, que apesar de mais leves, ainda estavam longe do peso de uma boa rígida. E a sua rigidez lateral ainda deixava muito a desejar. Em competição, a preferência de todos os atletas continuava a recair sobre as hartail, fossem circuitos mais curtos e técnicos ou até maratonas.
Depois desta Trek Fuel, tive outras FS. A Scott Spark 26’’, a Cannondale Scalpel 26’’, a Cannondale Scalpel 29’’ e nestes últimos 2 anos, a Scott Spark 29’’. Pelo meio também tive alguma rígidas. Cannondale Flash 26’’, Corratec 26’’e agora a Scott Scale 29’’.

Apesar de ter tido sempre a possibilidade de escolher entre FS e HT, quando tocava a objectivos competitivos mais ambiciosos, acabava por deixar a FS em casa, sossegada. A diferença de peso era considerável, e o rendimento competitivo das FS ainda não era do meu agrado. Por exemplo, no caso da Cannondale Scalpel 29’’, era uma bike super confortável e segura, sobretudo em descidas complicadas, mas depois pouco ágil em trilhos mais sinuosos. Lenta a curvar. Raras vezes optava por levar a Scalpel a competições. Mesmo em aventuras tão longas e desgastantes como a Transportugal, a escolha recaiu, nos dois anos que fiz esta prova, sobre a Cannondale Flash 29 (HT).

Nestes últimos 5 anos a tecnologia nas bicicletas de BTT tem sofrido uma evolução incrível! Quadros com geometrias mais eficientes, carbonos mais leves e rígidos, suspensões e transmissões mais eficazes, … E toda esta evolução tem-se notado sobretudo onde há mais margem de progressão, ou seja, nas bicicletas de suspensão total. O peso das FS aproximam-se das HT, o que nos deixa cada vez mas indecisos mesmo que o objectivo seja a pura competição. Até porque o peso na maioria das situações de prova nem sequer é o mais importante. Um quilo ou mesmo um quilo e meio a mais, acaba por ser compensado pela eficácia acrescida de uma suspensão total.

Apesar desta evolução nas FS, a resposta à questão colocada continua a não ser assim tão óbvia. Suspensão total ou rígida? Se esta resposta fosse dirigida a mim, sem hesitação responderia: Suspensão total. E porquê? Porque já não vou para novo, e os meus 46 anos de idade dizem-me para poupar o esqueleto.

Porque posso escolher uma bicicleta topo de gama, que mesmo sendo de suspensão total, pesa pouco mais de 10kg. Porque a marca que utilizo tem uma das tecnologias mais avançadas do mercado. Porque apesar de ainda gostar de ser competitivo e vencer provas, dou prioridade ao conforto e à segurança. Porque grande parte das minhas aventuras são de vários dias consecutivos, tornando-se muito desgastantes tanto a nível físico como psíquico.

Pelas razões que referi acima, já dá para se aperceberem que a minha resposta não é válida para todos os praticantes de BTT ou perfeita para todo o tipo de utilizações.

Assim, passo a listar aquelas que me parecem as vantagens de cada um destes tipos de BTT:

Vantagens da BTT rígida:
· Custo de aquisição inferior
· Custo de manutenção inferior
· Mais leve
· Maior rigidez lateral
· Possibilidade de duas grades de bidão

Vantagens da BTT de suspensão total:
· Maior conforto
· Maior controlo e segurança sobretudo em descida
· Mais rápida em descidas técnicas
· Maior tração em pisos irregulares, inclusive em subida

De uma forma muito simplista, parece que a HT ganha 5 contra 4. No entanto os itens não têm todos o mesmo peso decisório. Dependerá das prioridades de cada utilizador, e claro está, do seu orçamento disponível.

Se o orçamento não fosse um entrave, eu diria que, nos tempos de hoje, a HT só seria a melhor opção em provas curtas rápidas, com piso “fácil”, ou em maratonas de alta montanha, em que 1,5kg poderá ser relevante para uma boa classificação. Mas se a classificação não for importante, eu não pensaria duas vezes.

Claro que me considero um felizardo por ter na minha garagem uma FS e uma HT, ambas topo de gama. Este ano escolhi a Scott Scale 900 RC (HT) – http://bit.ly/ScottScale2017 – e em termos de FS quis experimentar algo diferente. Em vez da habitual Spark 900 RC, uma FS de pura competição, utilizada pelo campeão olímpico e do mundo Nino Shurter, optei por uma Spark 900 – http://bit.ly/ScottSpark2017.

Uma FS com mais curso de suspensões (120mm à frente e atrás) e espigão telescópico. Ou seja, uma bike um pouco mais pesada, mas por outro lado mais divertida e segura em trilhos complicados. A minha ideia com esta escolha é atrever-me em trilhos que antes não ousava passar, e melhorar a minha técnica e domínio em BTT. A experiência com esta Spark tem sido incrível! Aquilo que antes parecia impossível para mim, de transpor, com esta máquina não parece haver limites, mesmo para mim que me considero um pato bravo do BTT.

Além da diversão que este tipo de bike nos proporciona, a mesma safa-se muito bem também em competição. Apesar dos seus 11kg de peso total, ou seja cerca de 1kg a mais que a sua irmã Spark RC, subidas que não sejam muito prolongadas não são problema para ela. Obviamente que em subidas mais longas, ou seja, tudo o que ultrapasse os 5 minutos, aquele quilo acrescido já fará alguma diferença nas pernas.

Há 3 semanas participei na Maratona de Tondela com esta Spark . Uma maratona com apenas 55km, muito divertida, mas com uma baixa exigência técnica e física. As subidas mais longas também não tinham mais que dois mil metros. Fiz toda a prova na frente com o meu amigo José Rosa. Ele tem uma Scale RC com menos 3kg que esta Spark. Pois bem, a nossa condição física nesta altura é semelhante, e mesmo assim não passei por grandes dificuldades em passar as subidas junto ao campeão nacional Master-40. Por outro lado, nas descidas era ele a perder alguns metros. Claro que se as subidas fossem mais longas, possivelmente a conversa já seria outra.

A primeira bike que recebi este ano foi a Spark, só há 2 semanas chegou-me a Scale. Obviamente que quis logo experimentar a máquina nova. Saí sozinho para uns trilhos perto de minha casa. Nada de muito técnico e o piso também não estava mau de todo. Foram cerca de 50km, maioritariamente em terra batida, e com alguns singles divertidos no meio dos eucaliptos. A primeira impressão que temos da Scale é que parece o comportamento de uma bike de estrada. Leve, ágil, rígida. Mas quando estás habituado a andar numa FS, em que só tens que te preocupar em fazer força nos pedais, ao passar para uma HT surgem outras “preocupações”, nomeadamente evitar pequenos obstáculos que numa FS nem te irias lembrar deles, ou levantar o rabo do selim constantemente para evitar impactos. Uma simples volta de BTT acaba por se tornar mais cansativa a nível físico e psíquico por causa destas preocupações acrescidas.
Como tenho as duas opções, irei escolher a bicicleta consoante as características do desafio. Mas diz a minha experiência que na maioria das vezes a minha escolha irá recair na Scott Spark.

Por Vitor Gamito

1 Comentário

  • Glauber
    Posted 8 de abril de 2018 at 16:42

    Muito bom o texto, sempre falam que depois de andar em uma full nunca mais querem uma HT.

    Abraço

    Responder

Deixe um comentário

0/5