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Tudo que você queria saber sobre 27.5+ e 29+

Entendendo o que está por trás das mountain bikes equipadas com rodas “Plus”.

Em 2016 a principal tendência entre as grandes marcas, então em fase final de desenvolvimento dos modelos 2016, era a ampla adoção do conceito conhecido como “Plus Size”, representado por um sinal de “+” escrito ao lado do tamanho original de suas rodas.

É importante mencionar que as rodas Plus podem ser definidas como a combinação de aros e pneus consideravelmente mais largos que o padrão atualmente empregado nas bikes de XC, ou mesmo de DH. Basicamente, seriam pneus com cerca de 3 polegadas de largura, montados aros de largura interna variando entre 30 e 45mm.

Já que a polêmica 29×27.5×26 havia começado a perder destaque, as marcas deveriam introduzir um novo formato para o mercado, o conceito “Plus” pode ser melhor caracterizado como a evolução do que já existia, uma bem vinda variação que pode melhorar ainda mais a experiência de pedalar, tanto para os atuais pilotos de 29ers, quanto para aqueles que preferem as 27.5″.

Um pouco de história.

Há três anos a cultuada marca americana SURLY concebeu e apresentou aquela que seria a primeira mountain bike Plus do mercado, uma 29+ batizada de Krampus. O modelo ainda hoje comercializado pela fábrica, foi projetado para rebeber aros com 50mm de largura externa e pneus 29×3.0, combinação que confere às suas rodas um diâmetro externo de nada menos que 30.5 polegadas!

Projetada originalmente como uma Trail Bike rígida com traseira curta e top tube longo, a Krampus se converteu numa atraente opção para Bikepacking (definição mais atual para o Cicloturismo Off-road), entretanto por mais interessantes que podiam parecer na ocasião de seu lançamento, a popularização das 29+ foi freada pela necessidade de quadros e componentes especiais, bem como pela falta de uma suspensão projetada especialmente para acomodar sua enorme roda.

A sempre pioneira marca de pneus WTB já havia sido a primeira a produzir um pneu específico para 29ers no começo da década de 2000, outra vez bastante atenta à evolução do mercado, entendeu que poderia estender o conceito Plus às rodas de 27.5 polegadas. A principal sacada da WTB foi perceber que muitas das 29ers atuais contavam com espaço suficiente nos seus garfos e chain stays para receber rodas e pneus 27.5+. Nascia assim o pneu Trailblazer 27.5X2.8 e com ele a faísca para aquela que seria a aposta do momento na industria de bikes.

Resolvendo a equação: X = (27.5+) = 29

Exatamente porque o diâmetro externo de uma roda montada com um pneu 27.5×3.25 e aros de pelo menos 40mm de largura interna é muito similar ao diâmetro de externo de uma roda aro 29 tradicional montada com pneus 29×2.3, as rodas 27.5+ teoricamente não exigiriam mudanças técnicas e geometrias como aquelas requeridas pelas 29+, aí uma das razoes do seu sucesso quase que instantâneo.

Por serem considerados um meio termo entre as Fat Bikes e as mountain bikes tradicionais, os modelos Plus receberam também a denominação Mid-Fat. A ideia principal dos projetistas é tirar proveito das melhores características de uma Fat Bike, ou seja, uma grande capacidade de tração, conforto adicional e uma boa condição de absorção de impactos, além de um comportamento único que pode ser chamado de “flutuação” em condições extremas, sem contudo sofrer com alguns dos problemas que eventualmente assolam os donos de Fats, ou seja, um comportamento chamado de “self steering” (uma tendência de forcar mudanças involuntárias de direção dependendo do pneu, pressão e terreno) e a sensação dos pneus quicarem como bolas de basquete, além de tudo isso no geral é muito mais fácil e barato construir rodas “Plus Size” que sejam bem mais leves que as das Fat Bikes.

Um estudo divulgado pela fábrica de pneus Schwalbe e pela SCOTT, uma das marcas de bicicletas que investiu pesado no novo conceito, aponta que em condições ideais de pressão, a área de contato com o solo de um pneu Nobby Nic 27.5×2.8 montado em um aro de largura interna de 40mm é 21% maior em comparação com o mesmo pneu na largura 2.35. Por outro lado, esse aumento considerável em termos de aderência, se refletiria apenas em um acréscimo de 1% na resistência à rolagem do mesmo pneu. Em poucas palavras, uma bike Plus oferece muito mais tração, sem que isso represente uma perda de desempenho na hora de pedalar. 

Novas rodas, novos padrões. Boost 110/148.

Desde muito tempo o padrão adotado pela indústria para a largura dos cubos na grande maioria das mountain bikes se mantinha em 100mm na dianteira e 135mm na traseira. A evolução veio com o aparecimento dos eixos passantes de 15 ou 20mm na dianteira, que permitem uma condução muito mais agressiva e precisa, bem como garantem rigidez ao garfo, razão pela qual o P29BR sempre recomendou suspensões com eixo passante para os pilotos mais pesados. O eixo passante chegou às rodas traseiras numa versão com 12mm de diâmetro. Aí vem a curiosidade, apesar dos cubos mais largos, com 142mm, a largura entre dos dropouts se manteve nos mesmos 135mm originais, só que acrescidos de 3.5mm de cada lado por dentro das gancheiras, o que facilita a montagem das rodas no quadro. Com o eixo passante traseiro os quadros mudaram, entretanto a distancia entre as flanges dos cubos (onde estão os furos para montagem dos raios) permaneceu a mesma, é por isso que as principais marcas puderam disponibilizar adaptadores para seus cubos se tornarem compatíveis com ambas as larguras, 135 e 142mm.

Quando anunciou a versão 29er da Remedy no ano passado, a TREK introduziu junto com seu modelo de enduro com rodas grandes um novo padrão para o cubo traseiro, efetivamente mais largo, batizado de Boost 148. Em teoria as rodas de 27.5 e 29 polegadas montadas com os cubos tradicionais seriam menos rígidas que as rodas de 26 polegadas, por isso a fábrica, em colaboração com a SRAM, desenvolveu um cubo traseiro com as flanges deslocadas em 3mm de cada lado, expandindo em 6mm a largura da base de montagem dos raios, o que segundo a marca se reflete em um aumento de 14% na rigidez da roda traseira. Explicando de uma maneira simplista, com a base de montagem ampliada, os raios ganharam estabilidade e as rodas maiores puderam por fim contar com a mesma rigidez das menores.

O emprego do cubo traseiro de 148mm, implica que também o quadro seja projetado para esse padrão. Os 3mm de diferença na posição do cassette tem interferência direta sobre o chainline (linha de corrente) da bike, sendo assim, apesar de não haver alteração no padrão do movimento central, as bikes com Boost 148 requerem um pedivela específico, com a coroa dianteira deslocada os mesmos 3mm para fora, com isso sobra espaço na traseira para a escolha de pneus mais largos, sem que haja necessidade de alongar os chain stays. Assim, o novo padrão caiu como uma luva para as bicicletas equipadas com rodas “Plus Size”. O mesmo raciocínio vale para o Boost 110, com a flange do cubo deslocada em 5mm de cada lado com o objetivo que alcançar a mesma dose de rigidez adicional na roda dianteira.

Os novos padrões permitem agora aos fabricantes desenvolver modelos mais versáteis, que possam funcionar com diversos tipos e tamanhos de rodas, como fez a TREK com a excelente Stache 9, que pode ser configurada ao gosto do freguês, como uma 29+, 27.5+ ou mesmo como uma 29er pura.

Plus para quem?

Plus é para todos! Para os menos hábeis ou pouco experientes, a combinação de rodas e pneus mais largos amplia a sensação de segurança e controle já proporcionados pelas 29ers. Aqueles pilotos mais habilidosos vão se beneficiar também da maior tração e surpreendente facilidade em vencer terrenos mais técnicos, elevando seus limites às últimas consequências, é o tipo de bike perfeito para uma tocada mais agressiva.

Na edição 2014 da Interbike em Las Vegas, as Fat Bikes roubaram a cena. Neste ano, o foco de atenção na principal feira mundial do setor continuou nos pneus e rodas, contudo as queridinhas (merecidamente) do momento são as bikes com rodas “Plus Size”. Durante o evento, que aconteceu em setembro último, o P29BR publicou alguns posts no Facebook exatamente sobre alguns dos modelos Plus mais interessantes testados pelo site nos dias de Demo Day. Em uma postagem sobre a empolgante SPECIALIZED Fuse 6Fattie, um blog leitor escreveu o seguinte: “Esses pneus me deixaram um tanto quanto confuso. As rodas são 27.5 e os pneus são robustos demais. Penso eu que inviabilize um Downhill. As rodas são pesadas demais. Num pedal de 70km nos fins de semana talvez não seja viável. Qual é a finalidade dessas rodas? Em quais tipos de terreno e/ou percurso elas são viáveis? Compensa pagar uma fortuna por uma bike assim?“. Assim como aconteceu com as 29ers quando começaram a invadir o mercado e as trilhas há alguns anos, fica claro que existe ainda muita desinformação e um certo “achismo” negativo em relação ao conceito Plus.

Respondendo ao blog leitor: para pilotos não-profissionais, como a grande maioria de nós, em trechos de Downhill as rodas Plus proporcionam mais confiança (sem falar em tração, flutuação, etc) e consequentemente maior velocidade, não são necessariamente mais pesadas que as rodas encontradas na maioria das Trail Bikes vendidas no mercado. Esse novo tipo de mountain bike brilha inclusive em pedais mais longos. Vale o investimento? Sem dúvida!

29+ ou 27.5+?

Bikes 29+ como a bela NINER ROS 9 Plus, a artesanal CHUMBA Ursa ou a “cult” SURLY Krampus, são excelentes e robustos veículos para um Cicloturismo sério, pois mesmo rígidas podem ser confortáveis em longas horas de pedal exploratório. Por outro lado, pensando em desempenho, sem desconsiderar o importante fator divertimento, no momento as 27.5+ são insuperáveis, se desenvolveram rapidamente porque compartilham a geometria já madura das 29ers, além disso contam com toda uma variedade de componentes compatíveis (suspensões, pneus, aros) que permitem inclusive algumas experimentações com sua mountain bike atual, mas isso é assunto para os próximos posts.

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