Não é preciso ser um cientista para perceber que os ciclistas, assim como outros atletas que apreciam um bom desafio, gostam de relaxar com uma cervejinha após um treino intenso. Ou duas, ou até três… No entanto, a ciência confirma que há uma relação entre a prática de exercícios, como pedalar, e o consumo de álcool, com os atletas mais ativos consumindo mais álcool do que os menos ativos.
O álcool e o ciclismo não são exatamente companheiros felizes, mas, para muitos, são certamente companheiros para toda a vida.
Existem várias teorias que tentam explicar essa relação. Alguns estudos sugerem que a atividade física pode criar uma “tolerância cruzada” ao álcool, levando a uma necessidade de consumir mais para sentir os efeitos desejados. Outros apontam para o fenômeno de “treine forte, comemore mais forte ainda”, uma mentalidade comum entre atletas. Independentemente da explicação, é importante considerar os impactos desse hábito.
Os efeitos do álcool no pós-treino
Impacto no fígado:
O fígado é responsável por metabolizar o álcool e também por processar os resíduos metabólicos do exercício. Consumir álcool logo após o treino pode sobrecarregar o fígado, prejudicando a recuperação. Em vez de quebrar o lactato produzido durante o exercício e transformá-lo em glicose para recuperar os estoques de glicogênio do corpo, o fígado precisa primeiro metabolizar o álcool, atrasando o processo de recuperação.
Recuperação muscular:
O consumo excessivo de álcool pode interferir na capacidade do corpo de produzir novas proteínas, essenciais para a recuperação muscular. Mesmo se você consumir proteínas simultaneamente, o álcool pode prejudicar esse processo, comprometendo a eficácia da recuperação.
Desidratação:
O álcool é conhecido por causar desidratação, o que pode ser especialmente prejudicial após um treino intenso. A desidratação reduz o volume de plasma no sangue, sobrecarregando o sistema cardiovascular e dificultando a recuperação.
Prejuízo no desempenho futuro:
Estudos indicam que o álcool pode potencializar a perda de força muscular após o exercício, o que pode afetar o desempenho nos treinos seguintes. Isso ocorre devido à redução das taxas de síntese de proteínas musculares, o que impacta diretamente na recuperação muscular e, consequentemente, no desempenho.
Influência nas escolhas alimentares:
O consumo de álcool pode levar a escolhas alimentares menos saudáveis, o que pode prejudicar ainda mais a recuperação. Optar por um lanche saudável ou uma bebida rica em nutrientes antes de consumir álcool pode minimizar esses efeitos negativos.
Você vai estar menos forte no próximo treino
Beber muito depois de um pedal forte vai deixar você menos forte nos pedais seguintes. Pesquisas indicam que o álcool potencializa a perda de força que seus músculos sofrem depois de exercício extenuante. Isso provavelmente acontece por causa das taxas reduzidas de síntese de proteína muscular, o que também reduz a recuperação.
O bom senso voa pela janela
Álcool te leva você fazer boas escolhas, disse ninguém nunca. Se a primeira coisa que você quer no fim do treino é virar o caneco, a segunda coisa que você vai querer provavelmente é um segundo, ou mesmo comida de boteco, em vez de uma refeição ou bebida com nutrientes que ajudem na recuperação (alguém falou batata frita?). Às vezes nem é o consumo de álcool sozinho que prejudica a recuperação, mas a nutrição toda errada que acaba vindo junto, sem carboidratos de qualidade para recuperar os estoques de glicogênio, sem proteínas para ajudar na síntese de proteína muscular. Antes de ir para o bar, tome um recovery drink ou um lanche mais saudável. Assim você garante os nutrientes que seu corpo precisa, antes das rodadas de breja com seus amigos.
Conclusão
Embora seja comum desfrutar de uma bebida após um treino, é importante ter em mente os potenciais impactos do consumo de álcool na recuperação e no desempenho atlético. Optar por moderação e por escolhas alimentares saudáveis pode ajudar a garantir uma recuperação adequada e a maximizar os benefícios do treinamento físico.